Dia 18

Ácidos

Sinto alucinações constantes, realidades transcendentes, experiências místicas, flashbacks, pensamento caótico, confusão, sinestesia, despersonalização, perda do controle emocional, êxtase, euforia, angustia, pânico, ansiedade, paranóia, psicose! Atenção, eu estou de alerta! Sinto que acordei duas vezes! Acordei do sono e agora acordei da realidade comum. Estou em grande! Sinto-me especial, diferente, perspicaz. Sinto, no entanto. Um certo medo de mim, não me conheço, olho-me ao espelho… Os meus olhos, com as pupilas bem dilatadas traduzem pensamentos bizarros. Tenho o diabo e o anjo em mim, qual me irá dominar? Vejo como nunca vi, as cores estão mais brilhantes que o normal. Olho através da janela, os carros deixam um rasto misto de luzes. Trance, a minha paixão. Ouço-o saboreio-o e cheiro-o. Sinto-me uma turista viajando de ilusão em ilusão, sinapses consecutivas. Sinto-me atrapalhada e ao mesmo tempo… bem.

Dia 17

O mundo em Hogwarts
Meu Deus... Acho que ainda não acreditei no que me foi acontecer. Dei por mim e estava no sitio mais mágico e mais enigmático de todas as histórias de fantasia, Hogwarts.  Estou agora a viver no mundo em que o meu herói cresceu, o famoso Harry Potter.  Será que o vou ver? Será que vou viver aqui para sempre? Comecei à descoberta e quando dei por mim, vi imensas câmaras, luzes, microfones, pessoas que nada tinham a ver com o mundo que desde sempre imaginei.  Estava apenas num estúdio, a desilusão tomou conta de mim. 

Dia 16

 Grande magia

Tenho um dom especial, secreto, só meu e que não quero divulgado: Sou capaz de ouvir os pensamentos das pessoas. E que estranho o que sinto… Algumas surpreendem-me pela futilidade dos seus pensamentos: Silenciosamente criticam todas as atitudes dos outros, dão sinal também de alguma inveja e não ouço um único pensamento positivo que traduza valores como simpatia, amizade, compaixão.

Felizmente, ao cruzar-me com outras criaturas fico emocionada. Parece que sentem desejo de abraçar as pessoas por quem passam, mostram estar tristes e preocupadas com a miséria e os problemas que estão estampados nos seus rostos.

E fico então preocupada comigo: Não quero este dom, por vários motivos: Não tenho o direito de invadir a privacidade de ninguém e não quero perturbações para mim. 

Dia 15

Fim do mundo

As respostas a esta pergunta são muitas e dependem da crença de cada um. Parece-me que deve haver um plano para este acontecimento. E o protagonista deve ser o sol, provavelmente. O sol que tanta energia, luz e calor nos fornece, vai um dia fechar os olhos e adormecendo, acabar por morrer. E com ele lá se vai a sua beleza, a sua magia, e os habitantes da terra perderão a vida – que é o bem supremo que nos concederam.

O que seguirá? Também, as respostas serão muitas, variadas. Para alguns, nada mais haverá se não destruição e o nada. Para outros, se surgirá uma vida diferente mas mais espiritual, mais plena de felicidade. 

Dia 14

 O super-herói

Há tantos super-hérois e tantos são anónimos, desconhecidos, humildes, sem consciência do seu valor, porque praticam os seus atos com simplicidade e naturalidade com que respiram.

            Cresceram a ajudar os outros e sentem-se felizes quando recebem um sorriso, um agradecimento, ás vezes lagrimas – mas estas de alegria e gratidão. Não se pense que os super-heróis são raros. Não são. O que acontece é que são discretos e ás vezes não se dá por eles. 

Dia 13

 Sou adotada… E agora?

Não é um drama: sou adotada. Se houve uma pessoa no mundo que abdicou de mim, independentemente das suas razões, houve também alguém que, sem razão nenhuma em particular, me escolheu para me amar.

Não somos ninguém para julgar, não posso condenar a minha mãe biológica, mas posso escolher, sou adotada de livre arbítrio, e escolho viver com esta realidade.

A minha mãe biológica, em dado momento da sua vida, tomou a difícil decisão de escolher o que era melhor para mim. Quero pensar que essa difícil decisão permitiu que eu encontrasse a mãe e a família que agora pertenço e conheço.

Não posso negar que a curiosidade inerente à personalidade de todos os seres humanos me leva a querer questionar, mas olho para a minha mãe e sinto que ela é a minha única mãe. 

Dia 12

 Um novo meio de transporte

Não é terrestre nem aéreo. Tem as duas potencialidades. Mas tem de intervir tecnicamente nas pessoas. Essas técnicas são fáceis de aplicar e de desmontar. Aplicam-se nos pês, nos ombros e na cabeça. Nos pés pequenos motores que trabalham sem combustível líquido, porque absorvem o oxigénio do ar. Nos ombros, umas asas aerodinâmicas funcionando como motores dos pés. A cabeça protegida por capacete e viseira, de um material novo e transparente, que rejeita a água e os pequenos detritos que há na atmosfera.

E as rotas, la no alto? São feitas com focos de luz, de cor variada conforme as distancias.

Ao chegar-se perto de uma grande povoação o foco de luz desenha o nome dessa terra.

Claro que é necessário ter alguns conhecimentos geográficos.

A terra, cá em baixo, ficará mais calma e menos ruidosa, menos poluída. Lá em cima, haverá condução mais responsável, não é preciso pressa nem aceleração porque o ‘’anjo voador’’ acelera sempre à mesma velocidade.

Cá em baixo só é preciso um cuidado especial - não só nos distraímos com os voadores, aumentando o risco de acidentes na terra.